15 de setembro de 2009

Amor de Perdição


O amor é capaz de nos levar a muitos caminhos e a morte é sempre um caminho possível.
Acho que dizendo isto já é fácil de perceber para que mundo o Amor de Perdição de Camilo Castelo Branco nos pode levar.

Este romance detém paixão, saudade, mágoa, ódio, amor, rejeição, loucura, ansiedade, raiva, tragédia, esperança, miséria e morte.

Muito ao estilo “Romeu e Julieta” de William Shakespeare, este romance remete-nos para o amor desmedido mas impossível durante a vida e perspectivado após a morte. Associado ao amor surge a família e todo um conjunto de questões conflituosas de ódio e raiva. Mas a ideia da morte impera e é com esta que o amor poderá prevalecer, sendo que para os amantes o amor só se poderá viver além da morte. A vida é trágica para estes românticos.


Além de ter redigido este pequeno comentário sobre este romance, irei agora socorrer-me das palavras de Camilo Castelo Branco e deixar aqui um pequeno excerto do Amor de Perdição:


A verdade é algumas vezes o escolho de um romance.
Na vida real, recebemo-la como ela sai dos encontrados casos, ou da lógica implacável das coisas; mas, na novela, custa-nos a sofrer que o autor, se inventa, não invente melhor; e, se copia, não minta por amor da arte.
Um romance, que estriba na verdade o seu merecimento é frio, é impertinente, é uma coisa que não sacode os nervos, nem tira a gente, sequer uma temporada, enquanto ele nos lembra, deste jogo de nora, cujos alcatruzes somos, uns a subir, outros a descer, movidos pela manivela do egoísmo.
A verdade! Se ela é feia, para que oferecê-la em painéis ao público?!
A verdade do coração humano! Se o coração humano tem filamentos de ferro que o prendem ao barro donde saiu, ou pensam nele e o submergem no charco da culpa primitiva, para que é emergi-lo, retratá-lo e pô-lo à venda?
Os reparos são de quem tem o juízo no seu lugar; mas, pois que eu perdi o meu a estudar a verdade, já agora a desforra que tenho é pintá-la como ela é, feia e repugnante.
A desgraça afervora, ou quebranta o amor?
Isto é que eu submeto à decisão do leitor inteligente. Factos e não teses é o que eu trago para aqui. O pintor retrata uns olhos, e não explica as funções ópticas do aparelho visual.



Camilo Castelo Branco, início do capítulo XIX de Amor de Perdição.

1 comentário:

  1. Continuo convencido que não gostaste do livro :p

    Espero ansioso pelo comentário ao Norwegian Wood quando for altura disso.

    Sou capaz de fazer um blog destes.

    *ideias*

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