20 de agosto de 2012
Lealdade
Sempre gostei de animais. Aquelas criaturas que são tidas como sendo inferiores aos humanos. E sempre tive animais de estimação. É uma expressão feia, não é? Animais de estimação... Mas é assim que nós humanos usualmente os tratamos e encaramos.
Já tive periquitos (detesto a ideia dos pássaros estarem presos em gaiolas), um papagaio (não o prendíamos na gaiola e um dia ele decidiu voar para mais longe), peixes e uma tartaruga (era tão grande a Didi que a cobiçaram e, a meio da noite, levaram-na do lago onde ela habitava), um coelhinho albino (o pobre coitado morreu e ainda hoje não consigo encarar a ideia de se comer coelho), gatos (imensos gatos, centenas de gatos) e finalmente, há cerca de meio ano, os meus pais cederam e realizaram o meu grande desejo de ter um cão. Eles foram mais longe e trouxeram-me duas cadelinhas. Elas iam ser abandonadas e eles decidiram ficar com elas.
Cheguei a casa depois de um curso em Coimbra e o meu pai diz-me para ir à cozinha ver o que lá estava. Cheguei lá e nada vi. O meu pai e irmãs vão lá e retiram uma mantinha e o que estava lá? Dois peluches! Dois peluches que saltavam e corriam e me lambiam a cara. As perguntas foram: “são reais?”, “são para nós?”. De facto eram. Eram reais e eram para nós.
Estas duas pequenas criaturas cresceram. Elas cresceram pouquinho, continuaram uns peluches pequeninos. Mas cresceram tanto em nós...
Se estamos em baixo elas percebem. Deitam-se à nossa beira e ficam lá solidárias com a nossa tristeza ou melancolia. Se estamos com dores elas percebem e ficam ao nosso lado. Elas percebem. Percebem por vezes muito melhor do que aqueles que são tidos como superiores e mais “humanos”.
Nós não as domesticamos. Elas domesticam-nos a nós. Daí essa expressão ser feia e injusta. Elas são capazes de nos tranquilizar e estão sempre à nossa espera para um mimo e por um segundo de atenção. São estas pequenas criaturas de 4 patas que nos amansam e sossegam.
O ser humano cumprimenta-se perguntando se “está tudo bem” à espera de receber um “está tudo óptimo”. Elas sentem e respondem sentindo e sendo tudo para nós. E é assim que percebemos que não é preciso palavras para que nos percebam. E é assim que se percebe como se lida com humanos. É assim que se percebe o que é ser humano. Ironia, não é?
Os humanos não sabem. Estão demasiado concentrados com as suas coisas e o seu umbigo e o seu mundo. Acabam por não saber lidar com eles mesmos nem com os outros. Andam chateados uns com os outros e desentendem-se e muitas das vezes não percebem porquê.
A Lara e a Kelly...
Esta semana somos nós que temos de nos deitar ao seu lado a toda a hora
Estão ambas doentes. A Lara por fora. A Kelly por dentro.
Desta vez somos nós que nos deitamos ao pé delas e ficamos tristes com e por elas. E elas ficam tristes uma com a outra. Elas são solidárias uma com a outra. Se a Kelly está mais dorida, então a Lara deita-se ao pé da irmã e fica lá. De início apenas a Larinha estava doente e a Kelly ficava ao lado dela. Não fazia o que habitualmente faz... simplesmente ficava lá.
Isto não é ser humano?
Meio ano e é o que basta para ficarmos de rastos com a possibilidade destes peluches tão frágeis nos deixarem. Isso é assustador. Meio ano e significam tanto...
Ninguém ou muita pouca gente irá prestar atenção a isto e provavelmente muitos não irão ler estas palavras. Mas para quem as ler e gostar destes animais de quatro patas: Esforcem-se para adoptar um cão que esteja abandonado. Reunam condições para o ter e tratem dele. Tratem bem dele! Apaixonem-se por ele e deixem que ele cresça nos vossos corações.
O facto da Kelly se ter deitado aqui ao meu lado toda dorida magoa e fico imensamente preocupada quando ela não consegue andar ou subir para o sofá. Ficamos com um aperto no peito e dá uma certa dose de desespero. É como se fosse uma pessoa que nos é querida e próxima... só que não é pessoa. Pessoa vem de persona, de máscara. A pessoa manipula, mente, oculta e nem sempre é verdadeira. Elas são sempre verdadeiras.
Magoa-me também saber que estes tesourinhos iriam vaguear pelas estradas até serem atropelados por um carro caso não o tivéssemos acolhido.
Posto isto...
Não é um favor que fazem aos cães apenas, é um favor que fazem a vocês mesmos. Adoptem. Não comprem... adoptem!
Deixo aqui estas palavras demasiado açucaradas para uns e provavelmente demasiado banais para outros. São contudo um testemunho do que é ser dono destes animais maravilhosos que nos surpreendem a cada dia que passa.
<3
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:'( Larinha e Kelly! Vocês vão ficar boas! Nós acreditamos.
ResponderEliminarDana está lindo!
:(
ResponderEliminarque lindo...
e sim, mais que pessoas muitas vezes...
soon soon they will be jumping and playing again... positivity, ALWAYS <3